segunda-feira, 17 de agosto de 2009

beleza

s. f.
1. Perfeição agradável à vista, e que cativa o espírito.
2. Mulher formosa.
3. Um sorriso bonito, espontâneo, provocante.
A festa fez correrem meses em apenas algumas horas. E então, ao final da noite, se conheciam por meses aqueles que se encontraram ao pôr-do-sol.
Pelo menos foi assim com aqueles dois.
E no dia seguinte conversaram como velhos amigos.
E à noite beijaram-se como jovens apaixonados.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

esforço

s. m.
1. Ação enérgica do corpo ou do espírito; coragem; diligência; zelo; ânimo; vigor.
...
2. Que me foi escassíssimo, neste semestre que acaba, em relação à faculdade.
Me fudi e mereço.

sábado, 6 de junho de 2009

impotência

s. f.
1. Estado ou qualidade de impotente.
2. Impossibilidade.
3. Falta de forças.
4. Incapacidade de realizar o ato sexual.
Quem nunca se sentiu impotente? Sem forças pra continuar vivendo? Impossibilitado de conseguir o que quer?

Quem nunca olhou pra vida e viu um monstro? Uma seqüência infinita de obstáculos?

Impotência. Às vezes, a impotência que se sente frente às dificuldades da vida nos fazem querer acabar com tudo. Parar, não andar mais, pra não ter que enfrentar os problemas. Morrer. A partir do momento em que um declara-se impotente, está morto.

Essa impotência se impõe quando se perde o principal recurso: um atleta paralítico, um pianista sem mãos, um piloto cego, um cantor permanentemente rouco, um gladiador sem sua espada. Um amante de sexo... impotente. Perdeu sua mais importante virtude. A juventude, talvez. Entrou na senilidade. Volta, não existe. Apenas um longo caminho pela frente e um atalho ali nas sombras.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

itinerário

adj.
1. Relativo a caminhos.
s. m.
2. Roteiro.
3. Descrição de viagem.

Outro dia da semana. Oito da manhã, ponto de ônibus. "37", a plaquinha faz-se visível. Entro, sento, reclino, observo o exterior que o vidro me refrata.

Começa mais uma vez o itinerário: as mesmas distâncias, curvas, pessoas que entram com o passar do tempo, pessoas que vejo começando seu próprio "itinerário" do lado de fora do automóvel, do lado de dentro de suas próprias vidas e, só um pouquinho, talvez mais do que eu imagine, do lado de dentro da minha.

Parado no semáforo, assisto de novo aquele senhor de suéter verde carregar caixas de lá pra cá, abrindo sua lojinha, como faz todo dia, há meses. Não sei como se chama ou se tem filhos, mas sei o duro que dá, e a vontade é de cumprimentá-lo num eventual encontro. Outros apenas me passam pelos olhos na correria do itinerário, o suficiente para guardar no subconsciente os rostos, a ponto de reconhecê-los por aí, ocasião que deixa a dúvida: "Sei que conheço, mas de onde?" que, com sorte, é assassinada dias depois por um "Aaaaaah!", de novo no itinerário, no horário em que me passa a pessoa à vista.

Pessoas cujas origens desconheço, também idades, segredos e nomes, mas cujos cantos de sorriso e sorrisos de canto tenho visto mais, ultimamente, do que os daqueles que amo.

Me divirto ao ver o menino com uniforme de futebol, sentado na esquina e esperando pela carona, semblante furioso: atrasados mais uma vez. Sei mais da vida dele do que das pessoas que dividem as poltronas comigo. Dessas, do pouco que sei, sei que seguimos o mesmo itinerário, das 8 às 9 da manhã.

Chegando ao destino, desço do ônibus e esqueço boa parte do que pensei durante a viagem. Começo meu próprio "itinerário", enquanto, quem sabe, outras pessoas me observam, filosofando besteiras pra escrever em um blog. Ou não.